quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Review: Sia E Seu Polêmico Elastic Heart

  Como todos sabemos, Sia é uma artista incomum. Ela parece uma daquelas pessoas que ficam enfurnadas em seus próprios mundos, falando sobre coisas que o resto não entende, fazendo coisas que as outras pessoas não têm interesse, mas que quando abre a boca pra cantar, fazem todos os outros que vivem em uma realidade diferente entenderem em uma língua só. A prova disso são os sucessos cantados não só na voz dela, mas na voz de muitos artistas por aí. O talento da mesma pra compor flui tão naturalmente que eu acho um absurdo seus próprios álbuns e vídeos não serem tão famosos. É até engraçado quando vou abrir minha biblioteca no Windows Media Player e digito "Sia", aparecem trilhões de álbuns de outros artistas antes de aparecerem os dela - pelo fato de seu nome estar na composição, produção e até na participação de muitas outras músicas. Eu organizo artistas por patamar, e coloco a Sia no mesmo de nomes como Jessie J, Ryan Tedder do OneRepublic, Skylar Grey, Taylor Swift e outros, que movem a indústria da música do jeito deles, criando pros outros mesmo que às vezes o seu próprio trabalho não seja tão prestigiado.

  Com seu mais recente álbum, 1000 Forms Of Fear, Sia Furler vem quebrando alguns tabus da música atual. Okay, não aparecer em clipes não é tão incomum, vários artistas o fazem, mas cantar de costas para o público e não mostrar o rosto para deixar sua dançarina e sua voz em destaque foi uma atitude que me surpreendeu, como na performance de Chandelier no programa Dancing With The Stars. Ela também criou uma reprodução ao vivo do clipe da música no Ellen DeGeneres Show.

Chandelier ao vivo no Dancing With The Stars

  Pois bem. Ontem foi liberado o vídeo para Elastic Heart, seu novo single. Eu ainda não tinha assistido quando meia tonelada de reviews apareceram sugerindo que o clipe fazia apologia à pedofilia apenas pelo simples fato de dois atores de idades bem distintas estarem se relacionando por meio de dança no mesmo. Houve até pedido de desculpas da própria cantora em seu Twitter oficial, dizendo que sua intenção era criar um conteúdo emocional, não chatear ninguém. No vídeo, os ator Shia LaBeouf, de 28 anos e a atriz/dançarina Maddie Ziegler, de 12, interpretam dois lados aparentemente opostos de uma batalha emocional intensa. Eu consegui relacionar os dois na história contada na canção. Uma mulher que não consegue mais confiar em ninguém, machucada, pronta para atacar qualquer um que chegue perto a ponto de tocar suas feridas, e um homem tentando quebrar suas defesas. Mas isso é o óbvio. Já li interpretações bem mais profundas que a minha sobre o vídeo nos próprios comentários na página oficial do mesmo, em que Shia e Maddie são lados opostos da consciência de Sia e que essa interpretação faz referência à época em que a cantora era viciada em bebida e analgésicos e considerou suicídio, chegando até mesmo a escrever uma nota suicida. 


  O vídeo é sim intenso, mas está longe de ser apológico à uma coisa tão banal quanto a pedofilia. Todos sabemos que a arte não tem limites, e que o talento de alguns artistas vai além do compreensível. Eu já havia ficado impressionado com a interpretação da pequena Maddie no clipe de Chandelier e nas apresentações ao vivo que assisti. Ela é tão nova e já tem uma interpretação tão genial que é capaz de deixar qualquer ator principiante com inveja. E sou suspeito pra falar qualquer coisa do Shia porque sou um fã confesso. Sua atuação no vídeo fala por si só, e como comentário pessoal, a cena final dele preso na gaiola em lágrimas sem poder sair me provocou um desespero absurdo. Porque é isso que grandes atores fazem: te seduzem e te fazem sentir o que eles querem que você sinta, independente da sua vontade. Sia só fez o certo: uniu dois ótimos pra criar uma obra de qualidade.

  Acho a polêmica extremamente desnecessária e fora de contexto. Algumas pessoas estão tão ocupadas com a própria infelicidade que precisam criticar tudo - criticar no sentido de humilhar, não de falar sobre, como estou fazendo - para se sentirem satisfeitas e completas. "Já dei a minha opinião, tá tudo uma merda, agora que falei algumas verdades vou caçar outra coisa pra detestar". É assim que as vejo. Não conseguem encontrar nenhum ponto bom em nada. E não importa o quanto você seja bom, ou o quanto você se esforce, elas estarão lá, apenas esperando pela oportunidade de te devorar vivo. Minha visão sobre o clipe: a mesma que tive sobre o clipe de Something In The Water da Carrie Underwood, já citado aqui no PND. Pura arte. Não precisa de muito pra se expressar o que se sente quando se tem uma boa música tocando e uma coreografia impecável acompanhando. No caso da Carrie, ela quer passar esperança e força. Na Sia, tristeza e rompimento. Sentimentos diferentes seguindo a mesma linha de expressão. Toda essa confusão acabou me obrigando a acessar o Twitter e dizer o que eu pensava para ela. Tive que dizer pra ela não se desculpar por se expressar do seu próprio jeito, afinal sentimentos não exteriorizados se tornam doenças para a própria pessoa. Sem contar que TODOS temos o direito de nos expressarmos, e o direito de sermos respeitados. Como costumo dizer, ninguém "merece" meu respeito. É minha obrigação respeitar o próximo, eu concordando com ele ou não. Se vou segui-lo em sua maneira de pensar, aí que é entra minha decisão. Ah, também tive que agradecê-la por fazer o Shia aparecer todo suado e só de cueca de graça pra nós, porque convenhamos, não é uma coisa que se vê todo dia (Risos). Sem mais delongas, confira você mesmo e deixe sua opinião nos comentários:

 
                                 


  *Nota: Esta postagem foi um pedido da minha leitora e amiga Jéssica Sousa. Muito obrigado por complementar o Punk N Disorderly com sua sugestão, Jess!

2 comentários:

  1. Oi, Caio!
    Adorei o seu post! Gostei muito da forma como você retratou o clipe e o trabalho da Sia em si. Clipes como esse de Elastic Heart provam que a cantora vem progredindo muito mais como artista, e até mesmo diretora. Tratar de um assunto assim tão pessoal (ouvi boatos de que o clipe fala sobre o relacionamento dela com o pai, pois o mesmo tinha transtorno de personalidade) de uma forma tão brilhante é algo que está meio que em falta por aí. Obrigada por aceitar a minha sugestão! Beijos!

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    1. Obrigado você por contribuir com meu blog, significa muito pra mim! Adorei sua sugestão, continue mandando sempre quiser! Beijão

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